O mercado financeiro e de capitais é um ambiente suscetível a tentativas de fraudes e manipulações, sendo crucial entender o funcionamento dos mercados, a formação de preços e os golpes mais recorrentes.
Nesse sentido, compreender como o spoofing funciona é fundamental para proteger-se contra práticas fraudulentas no mercado e promover um ambiente de negociação justo e transparente. Vamos explorar mais detalhadamente como essa prática ocorre e suas consequências para o mercado.
O que é spoofing?
Spoofing, um termo derivado do inglês que significa “falsificação”, refere-se a uma prática ilegal onde um operador envia uma ordem de compra ou venda falsa no mercado.
O objetivo é enganar outros investidores, criando uma falsa percepção de oferta ou demanda, o que pode influenciar os preços dos ativos.
Esse tipo de manipulação pode resultar em lucros indevidos para o operador às custas de investidores que são levados a tomar decisões baseadas em informações falsas.
Como funciona?
O spoofing começa quando fraudador insere uma ou mais ofertas falsas no book de ofertas, visando criar uma tendência artificial, o que pode acontecer por meio de programas de computador, levando outros investidores alterem suas próprias ofertas. Daí, o manipulador, que almeja levar vantagem financeira, vai na direção contrária.
O passo a passo inclui também a criação de falsa liquidez, onde o registro de uma oferta expressiva gera uma pressão compradora ou vendedora, influenciando as decisões de outros investidores (oferta artificial).
Posteriormente, após a execução do negócio, a oferta inicial criada artificialmente é cancelada.
Exemplo de spoofing
Um trader cria milhares de ordens de compra falsas para aumentar artificialmente o preço de uma ação e depois vendê-la com lucro.
Em 2020, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) multou Rafael Damiati em R$ 403 mil por manipular os preços de ativos na Bolsa de Valores.
Entre maio de 2015 e setembro de 2017, Damiati realizou 1.726 operações desse tipo, lucrando ilegalmente R$ 269 mil.
Saiba mais:
Diferenças entre insider trading e spoofing
Spoofing e insider trading são duas práticas ilegais no mercado financeiro, mas diferem significativamente em seus métodos e impactos.
O primeiro envolve a criação de ofertas ou ordens de compra/venda falsas, podendo utilizar algoritmos e robôs de alta frequência para gerar uma falsa pressão compradora ou vendedora. O objetivo é manipular os preços dos ativos, induzindo outros investidores a tomar decisões equivocadas.
Por outro lado, o insider trading ocorre quando indivíduos usam informações privilegiadas, não disponíveis ao público em geral, para comprar ou vender ações e obter ganhos financeiros indevidos. Essas informações podem incluir resultados financeiros, fusões, aquisições ou lançamentos de novos produtos. Um exemplo clássico é quando um executivo de uma empresa vende suas ações antes de um anúncio público de resultados negativos, evitando assim perdas financeiras.
A diferença principal entre spoofing e insider trading está no método utilizado. Enquanto o spoofing manipula o mercado através de ordens falsas para criar uma falsa percepção de oferta ou demanda, o insider trading se baseia no uso de informações privilegiadas para obter vantagens financeiras injustas.
Como se proteger?
Os maiores prejudicados por essa prática são os investidores que realizam day trade. A melhor maneira de evitar se tornar vítima de manipuladores do mercado é investindo em conhecimento.
Iniciantes são mais vulneráveis a essas situações, pois são mais propensos a serem atraídos por ofertas tentadoras. Por outro lado, investidores experientes entendem como o mercado opera e conseguem identificar com maior facilidade quando uma situação é suspeita.
Portanto, a melhor forma de se proteger do spoofing é sempre desconfiar de ofertas que parecem boas demais para serem verdadeiras. Investir em educação financeira e entender os mecanismos do mercado são passos essenciais para evitar cair em armadilhas e fraudes no mercado financeiro e de capitais.
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