As companhias listadas em Bolsa podem se valer de diferentes estratégias para reduzir a volatilidade e atrair mais investidores para suas ações. Uma dessas estratégias é o grupamento de ações, também conhecido como Inplit.
Embora o grupamento de ações possa ser uma decisão natural da própria instituição, há casos em que as empresas são notificadas pela B3, a bolsa de valores brasileira, para realizar esse procedimento.
Para o investidor que já possui dinheiro aplicado, as mudanças financeiras são mínimas, mas é crucial estar atento às particularidades desse evento.
O que é grupamento de ações?
O grupamento de ações representa a junção de várias ações de uma determinada empresa em um único papel e, desta forma, aumenta o valor de negociação do ativo.
Apesar de influenciar diretamente na quantidade de ações emitidas pela companhia, o capital social continua o mesmo. Ou seja, acontece uma condensação do capital em um número menor de ações com consequente aumento do valor patrimonial da ação.
À primeira vista, a definição pode parecer confusa, mas um exemplo prático ajuda a simplificar: imagine que uma companhia tem suas ações cotadas a 1 real, mas considera esse valor muito baixo. Então, decide realizar um grupamento na proporção de 10 para 1.
Isso significa que cada 10 ações serão agrupadas em 1, com um novo valor de 10 reais. Dessa forma, o número de ações disponíveis diminui, mas o valor individual de cada ação aumenta.
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Como funciona o inplit?
O agrupamento de ações funciona como uma fusão de ativos, mas sem modificar o capital social da companhia. Para o investidor que já possui ações, não há impacto no valor patrimonial das suas participações.
Considerando o exemplo anterior, se um investidor detinha 100 ações com um valor total de 100 reais, após o grupamento, ele terá 10 ações, mas o valor de mercado permanece 100 reais. É como trocar 100 notas de 1 real por 10 notas de 10 reais.
Para que o grupamento seja efetivado, é necessário que uma assembleia de acionistas delibere sobre o assunto e chegue a uma decisão.
Por que fazer um agrupamento de ações?
O principal motivo é reduzir a volatilidade da ação já que, quando um papel tem um preço muito baixo, qualquer mínima alteração terá um efeito gigantesco, tornando-se mais expostas a ataques especulativos.
Com isso em mente, desde 2015, a B3 alerta empresas com ações negociadas abaixo de R$ 1,00 (penny stocks) para realizarem um grupamento se o preço se mantiver nesse patamar por pelo menos 30 pregões consecutivos.
Instituições que não atendem ao pedido podem ser penalizadas com multas ou até mesmo suspensão das negociações na Bolsa de Valores.
Cabe frisar que esses fatores podem aumentar o interesse do investidor pela ação, embora não haja garantia de que isso ocorrerá.
Outro motivo pode estar relacionado ao planejamento estratégico da companhia e suas práticas de governança corporativa.
Dessa forma, as cotações das ações podem estar intimamente ligadas à percepção de valor da companhia por parte dos investidores.
Grupamento de ações é bom ou ruim?
Como qualquer outra operação corporativa, o grupamento de ações pode ser bom ou ruim tanto para as empresas quanto para os acionistas.
O principal vantagem do agrupamento tanto para empresa como para os acionistas é exatamente a redução da volatilidade nos preços da ação. Ao ser menos afetado por oscilações negativas, um investimento deste tipo pode se tornar mais seguro e atrativo para os investidores.
Por outro lado, a principal desvantagem reside no fato de que o valor dos grupamentos nem sempre consegue sustentar-se. Isso porque nada garante que o interesse dos investidores nessas ações irá aumentar, já que é preciso considerar outros fatores antes de investir.
Portanto, caso não haja um aumento significativo no interesse do mercado, os preços podem cair drasticamente, levando a uma desvalorização expressiva dos ativos, mesmo após o grupamento de ações.
Qual a diferença entre agrupamento e desdobramento?
O agrupamento e o desdobramento de ações são operações que afetam a quantidade de ações em circulação, mas de maneiras opostas.
Ao contrário do grupamento de ações, o desdobramento envolve o aumento do número de ações em circulação, com uma redução proporcional no valor individual de cada ação.
Por exemplo, se uma empresa realiza um desdobramento de ações na proporção de 2 para 1, cada acionista terá o dobro do número de ações, mas o valor de cada ação será a metade do valor original.
Essas operações podem ser realizadas pelas empresas com o objetivo de ajustar o preço de suas ações no mercado e torná-las mais acessíveis aos investidores.
Com declarar grupamento de ações no Imposto de Renda?
Como não há mudança no valor de custo total da posição, basta alterar a quantidade de ações no campo de discriminação da ficha de Bens e Direitos. Ou seja, não há necessidade de zerar e abrir um novo item.
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