Block trade: o que é e como funciona essa operação?

A negociação de ações na bolsa de valores é regida pela lei da oferta e da procura, fazendo com que os preços dos ativos oscilem conforme o comportamento do mercado. No entanto, além das variações diárias influenciadas por diversos fatores econômicos e políticos, existe uma movimentação específica que pode causar impactos significativos nas cotações: o block trade.

Apesar de ser uma estratégia mais comum entre acionistas com grandes participações em empresas, o block trade tem o potencial de afetar todos os investidores do mercado. Portanto, compreender como essa operação funciona é crucial para qualquer investidor que deseja proteger e potencializar seus investimentos.

Neste artigo, você descobrirá o que é um block trade e como ele pode influenciar seus investimentos em ações!

O que é block trade?

Também conhecida como “ordem em bloco”, o block trade é uma operação onde um número significativamente grande de ativos é negociado ao mesmo tempo. Em outras palavras, uma ordem em bloco acontece quando uma mesma oferta coloca na bolsa, de uma só vez, uma quantidade expressiva de ações para ser vendida.

O que classifica uma transação como block trade ou não é a quantidade de ações vendidas. Essa classificação pode variar de acordo com o mercado em questão. No caso brasileiro, é considerado ordem em bloco quando ocorrem as seguintes situações:

• A oferta de ações corresponde a mais de 0,9% do free-float (ações abertas em circulação) do mercado;
• A transação corresponde a mais de 3,5% da movimentação média diária do papel nos últimos 20 dias.

Como ocorre?

Devido à magnitude da operação, os block trades normalmente acontecem sob a forma de leilão. Além disso, para realizar um block trade, normalmente os vendedores do ativo precisam avisar sua intenção ao mercado com antecedência.

Essas medidas ajudam a reduzir a volatilidade das cotações e preservar a estabilidade do mercado, já que a quantidade de ações negociadas é incomum. Dependendo do seu tamanho, um block trade pode ser conduzido através de um intermediário – instituições especializadas em grandes negociações, como aberturas de capitais e captação de recursos para empresas.

Os intermediários do block trade são responsáveis por divulgar o evento publicamente e tratar de todos os trâmites legais e operacionais. Além disso, estudam a melhor maneira de oferecer as ações ao mercado, de modo a maximizar o seu preço de venda.

Exemplo de block trade

Mesmo com suas particularidades esse tipo de movimentação acontece com certa regularidade no mercado brasileiro. Veja alguns exemplos abaixo:

Em 2020, a BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vendeu 40 milhões de ações da mineradora Vale (VALE3). Esse foi, até então, o maior block trade da América Latina.

Em outras ocasiões, a BNDESPar também realizou negociações desse tipo. Entre as ações vendidas em bloco, estavam papéis da Petrobras, BRF e JBS.

Mais recentemente, em maio de 2024, a gestora Carlyle vendeu 67 milhões de ações, a R$ 29,44, levantado cerca de R$ 2 bilhões e praticamente zerando a posição — que era de 3,2%.

Quem realiza um block trade?

Dada a sua escala, é raro ver investidores individuais e demais acionistas comuns fazerem uma oferta de block trade. Na prática, esse tipo de operação geralmente ocorre quando grandes acionistas ou investidores institucionais, como fundos de investimentos, decidem se desfazer de sua posição em uma empresa. Dessa forma, pode-se falar que um block trade funciona como uma oferta subsequente de ações – também conhecido como follow-on secundário.

No entanto, um block trade também pode ser realizado pela própria empresa. Nesse caso, a empresa lança as ações que possui junto ao público, através de uma negociação de block trade. Essa operação pode funcionar tanto como uma oferta subsequente (onde a empresa já possui capital aberto na bolsa) ou até mesmo para lançar suas ações ao mercado pela primeira vez. Nesse caso, o block trade aconteceria fora da bolsa de valores.

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Riscos

A negociação de um block trade precisa ser cercada de cuidados. Devido ao seu volume, uma operação como essa pode causar grandes alterações no mercado, afetando negativamente o valor de mercado das ações. Como um grande número de ações será vendida, a oferta será largamente superior à demanda pelo papel, levando logicamente a uma redução no preço do ativo. Essa queda pode ser atenuada ou ampliada, dependendo de como a oferta for feita.

Além disso, negociações desse tipo acabam expondo seus vendedores a um risco maior. A oferta de um número grande de ações torna a operação mais vulnerável a atividades adversas no mercado, podendo comprometer o capital do acionista e resultar até em prejuízo.

Quais oportunidades do block trade?

Assim como há riscos e impactos a serem considerados, a ordem em bloco também pode apresentar oportunidades para os pequenos investidores. O ponto principal envolve a chance de realizar boas compras devido a essa movimentação em bloco.

Se você concluir que a empresa é sólida e tem perspectivas de gerar bons resultados no longo prazo, a compra dos papéis no momento do block trade pode ocorrer com um desconto considerável. Isso se deve à tendência de queda nas cotações causada pela grande oferta de ações.

Essa pode ser uma oportunidade para diminuir o preço médio de compra das ações que você já possui na carteira ou para iniciar sua posição como acionista da empresa.

Em resumo, o block trade consiste na venda de um grande volume de ações de uma vez. Devido ao aumento significativo de liquidez, essa movimentação pode impactar os preços — criando oportunidades ou aumentando os riscos. Portanto, é essencial entender esse mecanismo e saber como se posicionar frente a ele.